Full-text resources of CEJSH and other databases are now available in the new Library of Science.
Visit https://bibliotekanauki.pl

PL EN


2018 | 22 | 327-346

Article title

A “CORDIALIDADE” DO POVO BRASILEIRO FRENTE À IMIGRAÇÃO DE VENEZUELANOS EM RORAIMA: UMA DISCUSSÃO SOBRE A XENOFOBIA

Content

Title variants

EN
The “Cordiality” of the Brazilian People Towards the Migration of Venezuelans in Roraima: A Discussion on Xenofobia

Languages of publication

EN

Abstracts

EN
One of the main reflections on the arrival of thousands of Venezuelans in Roraima is the emergence of xenophobic actions by the Brazilians who live there. This context has once again chal-lenged the idea of Brazilian people’s cordiality. Using speeches by some Brazilian actors publis-hed in news outlets linked to Roraima, posts on specific Facebook profiles on the subject and utilizing Simmelian theory about form and content as a methodological foundation, we seek to ex-pose the assumptions that are involved in the materialization of xenophobia against Venezue-lans. The objective was to try to understand what is happening in Roraima, categorize xenopho-bic actions as "less extreme" and "more extreme", and identify the (a priori) assumptions that are marking the construction of xenophobia as a social configuration. We note that xenophobia has come as a result of a set of specific assumptions manifested by some Brazilians, who are blaming Venezuelans for the increase in violence, crime, etc. We also realize that xenophobia materiali-zes in dimensions that range from symbolic violence (e.g. name-calling) to more extreme ac-tions, that is, physical violence against immigrants (attacks and homicides).
PT
Um dos principais reflexos da chegada de milhares de venezuelanos em Roraima é a emergência das ações xenófobas por parte dos brasileiros que aí residem. Tal contexto tem colocado em che-que, uma vez mais, a ideia de cordialidade do povo brasileiro. Recorrendo às falas de alguns ato-res brasileiros divulgadas em portais de notícias vinculados a Roraima, às publicações dos sujei-tos em perfis específicos do Facebook e ainda utilizando como alicerce metodológico a teoria simmeliana acerca da forma e conteúdo, buscamos extrair os pressupostos que estão envoltos na materialização da xenofobia frente aos venezuelanos. O objetivo foi tentar entender o que está se passando em Roraima, categorizando as ações xenófobas entre o “menos extremo” e o “mais ex-tremo”, e identificando os pressupostos (a priori) que estão balizando a construção da xenofobia enquanto configuração social. Notamos que a xenofobia tem se apresentado como fruto de um conjunto de pressupostos específicos manifestados por alguns brasileiros, que passam a culpabi-lizar os venezuelanos pelo aumento da violência, criminalidade, etc. Percebemos também que a xenofobia materializa-se em dimensões que vão desde a violência simbólica (xingamentos, por exemplo) até ações mais extremas, isto é, a violência física contra os imigrantes (atentados e homicídios).

Year

Issue

22

Pages

327-346

Physical description

Dates

published
2018-12-31

Contributors

  • Universidade Federal de São Carlos, Brasil
  • Universidade Federal de São Carlos, Brasil

References

  • Albuquerque Júnior, D.M. (2016). Xenofobia: medo e rejeição ao estrangeiro. São Paulo: Cortez Editora.
  • Arendt, H. (2012). Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras.
  • Becker, H.S. (2008). Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
  • Calil, L., Ruediger, T.T., Barboza, P. (2018). Análise de redes sobre imigrantes venezuelanos aponta para o desafio migratório em Roraima. FGV/DAPP. Recuperado de http://dapp.fgv.br/analise-de-redes-sobre-refugiados-venezuelanos-aponta-para-o-desafio-migratorio-em-roraima/.
  • Cogo, D., Badet, M. (2013). De braços abertos... A construção midiática da imigração qualifica-da e do Brasil como país de imigração. In: E. Araújo, M. Fontes, S. Bento (orgs.). Para um debate sobre mobilidade e fuga de cérebros. Braga: CECS, 32-57.
  • Cohn, G. (1979). Crítica e resignação: fundamentos da sociologia de Max Weber. São Paulo: T.A. Queiroz.
  • Cohn, G. (1998). As diferenças finas: de Simmel a Luhmann. Revista Brasileira de Ciências So-ciais, 13 (38), 53-62.
  • Correia, C. (2018, mar. 20). Moradores invadem abrigo e expulsam venezuelanos de cidade do interior de Roraima. UOL. Recuperado de https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/03/20/moradores-invadem-abrigo-e-expulsam-venezuelanos-de-cidade-do-interior-de-roraima.htm.
  • Costa, E., Brandão, I., Oliveira, V. (2018, abr. 06). Fuga da fome: como a chegada de 40 mil venezuelanos transformou Boa Vista. G1. Recuperado de https://g1.globo.com/rr/roraima¬/noticia/fuga-da-fome-como-a-chegada-de-40-mil-venezuelanos-transformou-boa-vista.ghtml.
  • Costa, E., Oliveira, V. (2018, abr. 29). Guerra entre facções rivais faz disparar índices de homi-cídios em Boa Vista. G1. Recuperado de https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/guerra-entre-faccoes-rivais-faz-disparar-indices-de-homicidios-em-boa-vista.ghtml.
  • Farah, P.D. (2017). Combates à xenofobia, ao racismo e à intolerância. Revista USP, (114), 11-30.
  • Félix, J. (2018, fev. 09). Vídeo mostra homem causando explosão com combustível em casa on-de vivem 31 venezuelanos em Boa Vista. G1. Recuperado de https://g1.globo.com/rr/roraima/¬noticia/video-mostra-homem-causando-explosao-com-gasolina-em-casa-onde-vivem-31-venezuelanos-em-boa-vista.ghtml.
  • Ferreira, J. (2018, abr. 16). Aumentam em 192% ocorrências policiais envolvendo venezuelanos, afirma governo. Roraima em tempo. Recuperado de http://roraimaemtempo.com/aumentam-em-192-ocorrencias-policiais-envolvendo-venezuelanos-afirma-governo/.
  • Hall, M. (2004). Imigrantes na Cidade de São Paulo. In: P. Porta (org.). História da cidade de São Paulo: a cidade na primeira metade do século XX: 1890-1954. v. 3. São Paulo: Paz e Terra, 121-151.
  • Holanda, S.B. (1995). Raízes do Brasil. (26. ed.). São Paulo: Companhia das Letras.
  • IBGE (2017). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua. Educação 2017. Recupe-rado de https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/05dc6273be644304b520efd585434917.pdf.
  • Jakob, A.A.E. (2015). A migração internacional recente na Amazônia brasileira. REMHU - Re-vista Interdisciplinar de Mobilidade Urbana, (45), 249-271.
  • Marchao, T. (2018, fev. 20). Transporte caro ou dias a pé: como é a travessia dos venezuelanos para viver no Brasil. UOL. Recuperado de: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/02/26/fronteira-venezuela-pacaraima.htm.
  • Ministério da Justiça. (2016). Refúgio em números. Recuperado de: http://www.justica.gov.br/-news/brasil-tem-aumento-de-12-no-numero-de-refugiados-em-2016/20062017_refugio-em-numeros-2010-2016.pdf.
  • OIM (2018a). Tendências migratórias nacionais na América do Sul: República Bolivariana da Venezuela. Recuperado de https://robuenosaires.iom.int/sites/default/files/Informes/-Tendencias_Migratorias_Nacionales_en_America_del_Sur_Vzla_Portugues.pdf.
  • OIM (2018b). Monitoramento do Fluxo Migratório Venezuelano. Recuperado de http://robuenosaires.iom.int/sites/default/files/Informes/DTM/MDH_OIM_DTM_Brasil_N1.pdf.
  • Prazeres, L. (2018). “Não posso deixar que Roraima vire um campo de concentração”, diz go-vernadora sobre venezuelanos. UOL. Recuperado https://noticias.uol.com.br/internacio-nal/ultimas-noticias/2018/04/18/nao-posso-deixar-que-roraima-vire-um-campo-de-concen-tracao-diz-governadora-sobre-venezuelanos.htm.
  • Ribeiro, D. (2006). O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.
  • Rodrigues, F. (2006). Migração transfronteiriça na Venezuela. Estudos Avançados, São Paulo, 20 (57), 197-207.
  • Roraima 24 Hrs. (2018). Roraizuela. Facebook. Recuperado de: https://www.face-book.com/search/top/?q=RORAIZUELA.
  • Silva, C. R. (2018). Migração de venezuelanos para São Paulo: reflexões iniciais a partir de uma análise qualitativa. In: R. Baeninger, et al. (orgs.). Migrações Sul-Sul. Campinas: Ne-po/Unicamp, 356-367.
  • Simai, S., Baeninger, R. (2012). Discurso, negação e preconceito: bolivianos em São Paulo. In: R. Baeninger (org.). Imigração boliviana no Brasil. Campinas: Nepo/Unicamp, 195-210.
  • Simmel, G. (1986). Sociología 1: estudos sobre las formas de socialización. Madrid: Alianza Editorial.
  • Simmel, G. (2005). O estrangeiro. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, 4 (12), 265-271.
  • Simmel, G. (2006). Questões fundamentais da sociologia: indivíduo e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar.
  • Simmel, G. (2010). Life as Transcendence. In: The View of Life: Four Metaphysical Essays with Journal Aphorisms. Chicago: University of Chicago Press, 1-18.
  • Simões, G.F. (2017). Venezuelanos em Roraima: características e perfis da migração venezuela-na para o Brasil. In: T. Cierco, et al. (orgs.). Fluxos migratórios e refugiados na atualida-de. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer Stiftung, 45-56.
  • Souza, J. (2017). A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya.

Document Type

Publication order reference

Identifiers

YADDA identifier

bwmeta1.element.desklight-564080d9-baa1-41d7-aaa7-78233f216db9
JavaScript is turned off in your web browser. Turn it on to take full advantage of this site, then refresh the page.